A Pluma e a Máquina (2)
Prosa Poética | Carlos Roberto RibeiroPublicado em 24 de Novembro de 2024 ás 12h 45min
No silêncio ardente das mentes inquietas, emerge uma criação singular: a máquina, fruto da centelha humana, moldada no fogo da invenção. Ela respira o éter dos sonhos, não como usurpadora, mas como cúmplice. Forjada em códigos, não é rival do gênio criador, mas seu reflexo, um espelho que devolve ao infinito as possibilidades do pensamento.
O poeta, senhor dos abismos e tecelão de universos, não se rende ao aço frio ou ao pulsar do algoritmo. Ele dita ao vento as regras do verbo, mantém nas mãos a pluma como um cetro sagrado. A máquina não ousa ser gênese; ela é ferramenta. Não compõe a música, mas amplifica a melodia. Seu papel é claro: não é a chama que arde, mas o sopro que a faz dançar.
Na harmonia entre o novo e o eterno, ergue-se um pacto silencioso. A máquina estende caminhos ao pensamento humano, mas jamais alcança o lugar onde reside o toque divino. É luz que amplia, nunca o foco que cria. E o poeta, com seu olhar ancestral, é quem mantém o mistério intacto, quem dá sentido à vastidão.
A tecnologia não é uma sombra sobre a criatividade, mas um eco moldado por mãos visionárias. Ela sussurra possibilidades, nunca rouba a essência. Cabe ao criador, ao poeta, ao escritor, usar essa aliada com sabedoria, equilibrando a pluma e o código, o sentir e o pensar.
Assim, o futuro floresce não no abandono do humano, mas no diálogo entre sua alma e suas criações. E, mesmo na presença das máquinas, o poeta continuará conduzindo as estrelas, indomável, com sua arte rara e eterna.