A VELHA CASA

Contos | 2025 - AGOSTO - Ventos do tempo: Memórias e despedidas | Isolti Cossetin
Publicado em 05 de Junho de 2025 ás 20h 58min

A VELHA CASA

Aquela velha casa não era uma casa qualquer. Era uma casa feita de madeira, de sonhos e muito amor. Era um lugar de luz, aconchego e calor. A casa era rodeada por um lindo jardim. Borboletas pequenas e delicadas voejavam sobre margaridas, cravos, rosas, dálias, hortênsias e jasmins. Quem nela vivia acreditava desfrutar de um pedaço do paraíso.
Mas o tempo, esse viajante silencioso, começou a passar com mais pressa. Um a um, os que ali moravam foram seguindo caminhos diferentes. A mesa da cozinha, que antes era pequena para tantos, passou a parecer enorme e vazia.
As flores do jardim continuaram desabrochando por um tempo, fiéis ao seu ciclo, mesmo quando já não havia mãos pequenas para regá-las nem olhos atentos para admirar suas cores.
A velha casa, porém, resistia. Como quem espera. Como quem guarda.
Seus cômodos ainda exalavam o cheiro do café de manhã cedo, do pão assando no forno e do perfume das flores que vinha da janela aberta. Cada fresta da madeira carregava risos antigos, segredos infantis, canções de ninar.
E mesmo com as portas fechadas e o portão rangendo ao vento, havia nela uma presença que o tempo não soube apagar: o amor.
Anos depois, quando os cabelos já estavam prateados e os passos mais lentos, uma das moradoras para lá   retornou. Trazia nos olhos o brilho da menina que um dia correu descalça por aquele jardim.
Sentou-se no velho banco da varanda, tocou a madeira com reverência e sorriu.
Ali, onde tudo parecia ter passado... tudo ainda vivia.

E foi então que ela entendeu: a casa era feita de madeira, de sonhos... e de memórias que jamais morrem.

 

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