Nossas preliminares são tempestade contida,
respiração que hesita, mas nunca duvida,
um toque de fogo que não tem fronteira,
um gesto que acende a noite inteira.
São bocas famintas de descoberta,
mãos que sondam, mente que alerta.
Corpos que se encontram sem nome ou rótulo,
apenas desejo, suor, músculo e ósculo.
Um invade o espaço do outro com sede,
mas sem violência — é dança, é prece, é rede.
Línguas que traçam rotas sem destino,
como se o prazer fosse um hino divino.
Gemidos roucos — baixos, viscerais,
confissões ditas em línguas ancestrais.
Não há dono, não há direção certa,
há pele aberta, há alma desperta.
As coxas se entrelaçam, o ritmo cresce,
e o tempo... esse, desaparece.
Vem o clímax, quente, quase brutal,
um trovão sagrado, um êxtase total.
Corpos em arquejo, batendo no peito
um tambor antigo, um gozo perfeito.
Não há "ele", não há "ela", só dois em combustão,
onde tudo é carne, suor, pulsação.
Depois, a calma. Um toque no queixo.
Um riso tímido, um novo desejo.
Porque o amor, ali, foi mais que carnal —
foi poema, foi rito, foi ato ancestral.