Em Ainda Ontem, o eu lírico mergulha na memória e na ausência de quem ama, acompanhando o crepúsculo e as réstias de sol que se dissipam lentamente. Entre perguntas não respondidas e lembranças persistentes, o poema revela o delicado equilíbrio entre abandono e afeto, criando uma atmosfera introspectiva e poética, onde o tempo e os sentimentos se entrelaçam em pensamentos que permanecem abertos, como ecos de um ontem que ainda ressoa.

Ainda Ontem

Ao findar o dia,

ainda há réstias de sol

pairando sob minha janela.

O horizonte acinzentado

evoca em mim a tua ausência.

Sinto-me como as réstias de sol,

que se dissipam lentamente com o dia.

Sei que a noite

não será diferente da anterior:

mergulhado na mistura do abandono e do amor,

que ainda estão aqui,

meus companheiros agora.

Será que pensas em mim,

será que sentes o que sinto,

será que também tens o rosto molhado

enquanto observas as réstias de sol

e o findar do dia,

será que as noites

são parecidas com as minhas,

como o vento, enquanto a mente voa,

e eu vou vivendo

com lembranças de nós

em meus pensamentos…

Sem respostas,

fico aqui no horizonte,

a te seguir

em meio a réstias,

com réstias de mim…

Rose Correia.