Hoje, saudosista,
pensei no bêbado.
Lembrei-me da equilibrista
a voz, o furacão, a artista.
Se vivemos como nossos pais,
tanto fez, tanto faz.
Queremos mais.
Somos igualmente desiguais.
Somos momentos, são sinais.
São nosso porto seguro.
São referências dominicais.
A euforia dos grandes festivais.
Há coisas que são normais
outras, atemporais.
Dizem que pimenta noutros olhos é refresco.
A Pimentinha em nossas vidas era afresco, pintura, moldura, um bibelô pitoresco.
Saudade de sua presença incandescente, ardida, afogueada, elétrica, dramática.
Da intérprete no encalço da canção.
Da menina detrás do furacão.
Elis é luz, Elis é Regina.
É rainha, é divina.
É luminosidade acesa.
Que começa como fagulha
e transforma-se em labareda.
Saudade que aflora
Amor que aumenta
Brilha no céu, eternamente, Pimenta!
Livro: O que quero da vida