Amor que Não Coube

Era amor, sim — mas transbordava, nas bordas do gesto, no olhar que tremia. Não cabia nos dias apressados, nem no compasso das horas vazias.

Tentamos moldá-lo entre promessas, engavetamos sonhos em envelopes selados. Mas o amor — esse bicho indomável — não vive em gavetas, nem em retratos.

Foi demais para o pouco que havia, profundo demais para um coração raso. E assim, por excesso, se perdeu: feito rio que não cabe no traço.

Ficou o rastro, a lembrança, o sabor de algo que quase foi eterno. E no peito, ecoa sem fim o que não coube — mas foi sincero.

 

Livro: Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas.

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