Amor que Não Coube
Poemas | Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas. | Silvia Dos Santos AlvesPublicado em 10 de Julho de 2025 ás 21h 03min
Amor que Não Coube
Era amor, sim — mas transbordava, nas bordas do gesto, no olhar que tremia. Não cabia nos dias apressados, nem no compasso das horas vazias.
Tentamos moldá-lo entre promessas, engavetamos sonhos em envelopes selados. Mas o amor — esse bicho indomável — não vive em gavetas, nem em retratos.
Foi demais para o pouco que havia, profundo demais para um coração raso. E assim, por excesso, se perdeu: feito rio que não cabe no traço.
Ficou o rastro, a lembrança, o sabor de algo que quase foi eterno. E no peito, ecoa sem fim o que não coube — mas foi sincero.
Livro: Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas.