Categoria: Prosa Poética
Sinopse: Uma lembrança floresce entre o perfume das amoras e a luz do entardecer, revelando que o tempo pode levar as estações, mas jamais apaga o que brotou dentro da alma.
Amoras…
Lembrei-me de quando, debaixo de sua sombra,
eu me perdi olhando o horizonte.
Viajei nos pensamentos,
cobiçando as folhas de sua copa,
enquanto dançavam no embalo do vento
ou se perdiam em meio às flores
que me embriagavam com teu perfume peculiar.
Até a angústia se rendeu aos teus encantos
e deu lugar à esperança,
que há dias aguardava na porta.
Os olhos, antes tristonhos e marejados,
agora se enchiam de brilho,
inspirados nas cores que o sol havia pintado
enquanto se despedia daquela tarde.
Os passarinhos também já se ajeitavam
em seus galhos para pernoitar,
e a lua já dava indícios
de que a noite seria clara —
como a inocência que ainda havia em mim.
Hoje ainda sinto o cheiro das tuas flores,
que se fixaram em minha memória.
O tempo levou a estação,
mas não levou o que floresceu em mim...
Tenho saudades de ti,
meu pé de amora…
Rose Correia.