AQUABUS: RUMO AO PERU

Cordel | Josivaldo Constantino dos Santos
Publicado em 25 de Julho de 2025 ás 10h 11min

AQUABUS: RUMO AO PERU

Viajamos ao Peru

A bordo do AquaBus

Era um buzão anfíbio

Que a todos nos conduz

Mas jogava água na gente

Essa era a nossa cruz.

 

Logo na primeira noite

Já começou a pingar

Na poltrona dezenove

E não queria parar

Coitadinha da Alice

Acordou ao se molhar.

 

A goteira se espalhou

E começou a descer

Na poltrona vinte e quatro

Ela foi aparecer

Molhou as nossas mochilas

Não tínhamos pra onde correr.

 

Mas não estava chovendo

Era o ar que vazava

Passou para o outro lado

Outras poltronas, molhava

E o povo ia pro fundo

E lá se aglomerava.

 

E aconteceu um fato

Para tudo piorar

Tinha uma caixa com gelo

Para as bebidas gelar

Amanda caiu por cima

Fez a caixa estourar.

 

E embaixo das poltronas

Muitas mochilas, havia

Todas, então, se encharcaram

Com a água que descia

Água por cima e por baixo

Foi grande a nossa agonia.

 

E quando amanheceu

O chão estava ensopado

Mas o Aquabus seguia

 

Pelo caminho traçado

E nos levou com segurança

Até Puerto Maldonado.

 

De lá, fomos para Cusco

Mas o AquaBus ficou

De volta para o Brasil

Nele, a gente retornou

Mas agora foi pior

Muita chuva despencou.

 

Descia água do teto

Pelo corredor jorrou

Lá na frente, na classe A

Muita gente se molhou

Mas, a classe B e C

Foi a que mais se lascou.

 

As goteiras aumentaram

Vinham por frente e por traz

Eu fiquei todo molhado

Ensopado por demais

Não tínhamos onde ficar

E cada vez chovia mais.

 

Eis que no meio das águas

Aparece um casal

Pedindo ajuda pra gente

Molhadinhos como tal

Pois lá embaixo encharcou

Seu leito nupcial.

 

Pareciam boias frias

Com a matula na mão

Luiz Fernando e Kellen

Ensopados de paixão.

Pedindo abrigo pra gente

Estava feia a situação. 

 

AquaBus continuava

Sua saga de molhar

Molhava nossas poltronas

Não tínhamos onde sentar

Kellen teve uma ideia

E começou a praticar.

 

Encontrou um guarda-chuva

Pendurado ao corrimão

E o trouxe para cima

Na maior animação

Entre a poltrona e o teto

Armou a sua invenção.

 

E com a boca pra cima

O guarda-chuva ficava

Toda a água que caia

Nele se armazenava

Até que resolveu bem

E não mais a gente molhava.

 

A água do guarda-chuva

Ia para o corredor

Pois pingava pela ponta

E um jeito o Jeferson achou

Inventou uma engenhoca

Que muito nos agradou.

 

Duas vasilhas de lanche

Embaixo, ali ficou

Umas cascas de banana

Dentro, ele colocou

Era pra servir de filtro

Mas a ideia não vingou.

 

Todo povo que passava

Chutava a invenção

Jogava a água pra fora

Aumentava a molhação

No fundo, nada deu certo

Mas, valeu a intenção.

 

Goteiras continuavam

E o guarda-chuva caia

A gente erguia de novo

Mas, para o chão ele ia

E o AquaBus ia firme

Na estrada, noite e dia.

 

Até fiz uma oferenda

Pro aguaceiro parar

Não pingar na classe B

E ir lá pra classe A

Mas, lá, pingou bem pouquinho

Não dava pra comparar.

 

Escrevi esse cordel

Dos pingos me desviando

Cada verso que escrevia

O papel ia molhando

O AquaBus mesmo sem chuva

Água em nós, vem jogando.

 

As vinte e duas e quinze

Terminei este cordel

Mas não por falta de ideia

Pois elas, me vem do céu

Mas, porque, o AquaBus

Molhou todo o meu papel.

 

Comentários

Há viagens que, apesar de desastrosas, são aconchegantes!

Lorde Égamo | 25/07/2025 ás 17:01 Responder Comentários

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.