As sombras
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 22 de Dezembro de 2025 ás 09h 05min
As sombras das minhas mãos,
longas no sol da tarde,
estendendo-se vacilantes,
através da areia escaldante.
Um desejo antigo,
uma sede ancestral,
guiou-me até a miragem,
cintilando no horizonte.
A figura etérea,
um anjo de luz e pó,
desenhado pela febre,
pelo cansaço da jornada.
As sombras das minhas mãos,
ousaram, sim, ousaram,
tocar a orla da ilusão,
a veste vaporosa.
Um toque fantasma,
um arrepio de desespero,
a areia escorrendo entre os dedos,
a miragem desfeita em vento.
Aí de mim, ó meu Deus,
perdido no deserto vasto,
com a lembrança do anjo,
e a certeza da minha solidão.
Aí de mim, ó meu Deus,
se a esperança se esvai,
e o sol implacável,
consumir a última miragem.