Assim são os Avós
Eles chegam de mansinho,
com passos feitos de calma,
e carregam no sorriso
o segredo que acalma.
São guardiões de histórias,
dos tempos de antigamente,
transformam o dia comum
em um instante diferente.
Têm colo que é mundo inteiro,
braços que viram abrigo,
são bússola na incerteza,
são casa, são chão, são ninho.
Nos olhos, um mar profundo
onde a ternura navega.
Nos gestos, o dom da escuta
que o coração sossega.
Dedicam seus dias inteiros
aos risos que vêm dos netos,
como quem planta esperança
em solos puros e se defeitos.
Acordam antes do sol,
preparam o café regado com afeto.
E em cada toque, em cada olhar
vão construindo um castelo.
Quantas vezes silenciam
as próprias dores do corpo,
pra fazer da sua presença
um presente sem esforço.
E quando partem, meu Deus,
viram estrela no céu,
mas nos deixam um perfume
que não se apaga como a tinta da caneta
num pedaço de papel.
Por isso, a ti, doce avô,
e a ti, serena avó,
entrego essa balada
com reverência e amor.
Pois se o tempo é um rio,
vocês são sua nascente:
amor que não se mede,
mas que vive é se sente eternamente.