Continuação do Artigo

Artigos | Keila Rackel Tavares
Publicado em 07 de Junho de 2025 ás 08h 48min

Aqui está a continuação do artigo:

 

O gótico em si vai muito além de suas noções arquitetônicas; ele se compromete com o não realismo, com a quebra do ideal neoclássico de ordem, assumindo assim o resgate da liberdade da imaginação. Funciona também como uma forma de reação ao realismo, trazendo em suas narrativas uma constante oscilação entre luz e sombras, entre o bem e o mal, entre a razão e a emoção.

 

3. A LITERATURA GÓTICA

A literatura gótica nasceu na Inglaterra no período das décadas de 1760 até 1820 e exerceu grande influência nas histórias de terror que hoje povoam a literatura. Opõe-se ao realismo, ao Iluminismo e ao racionalismo, é uma literatura social burguesa que usa o terror como forma de expressar seus medos e desejos, e faz alusão aos “godos”, povo bárbaro germânico que fez frente à dominação Igreja Católica. Este tipo de literatura tornou-se bastante difundida na Europa Iluminista e, posteriormente, nas Américas.

 

De acordo com Silva (2005, p.138) o gótico é uma fusão do romance e do novel que “apareceu como uma reação da imaginação ao racionalismo e ao realismo e ao moralismo que marcam o Iluminismo e a literatura neoclassicismo do século XVIII”. Ainda de acordo com Silva (2005, p.184) o romance de Horace Walpole, O castelo de Otranto (1764-65), é o marco da literatura gótica ou “gost history”, pois se trata de uma típica história de um castelo assombrado.

 

Além desta característica, há outras na obra que são condição sine qua non do gótico: o castelo em estilo gótico, as epístolas, o príncipe tirano, o assassinato extraordinário do único herdeiro, a maldição que paira sobre uma descendência, o cenário desolador, o ambiente fechado, a linguagem ornamentada, a narrativa fragmentada.

 

O gótico é um gênero literário que surgiu da combinação do romance com o terror no século XVIII como uma forma de reação ao Realismo, trazendo em suas narrativas uma constante oscilação entre o real e o imaginário, um discurso permeado de mistério, dando ênfase à mulher que passa a ser adorada, endeusada e desejada arduamente.

 

O espaço nos contos góticos é extremamente carregado de significado: os castelos, mosteiros, abadias se juntam ao resgate de elementos mitológicos e se misturam às formas dos ambientes para compor os estados de humor dos personagens.

 

Como já foi exposto, além do resgate da Idade Média e do endeusamento da figura feminina, é na natureza que os seus lados de luz e trevas se aliam ao ambiente desolador para ressaltar seu ar sombrio.

 

O segundo momento expressivo do gótico é quando Anne W. Radcliffe introduz em The Mysteries of Udolpho (1794), a figura feminina neste cenário assombroso como sendo foco da trama, pois no Castelo de Otranto essa característica aparece mais como pano de fundo, não sendo totalmente explorada.

 

Radcliffe (1986) a usa como forma de dar voz e vez à mulher, mostrando-a como vítima de vilões cruéis. Com isto, ela faz uma crítica à sociedade da época e, daí em diante, dois novos componentes passam a compor o gótico: a vitimização feminina e a opressão do aristocrata maligno.

Comentários

Um texto muito expressivo, mesmo para aqueles que não têm nas tramas de terror o seu ponto forte, pois traz um recado como exemplo mostrar o lado da opressão feminina e o seu clamor para que tudo isso cesse! Mui bem escrito! Parabéns!

Lorde Égamo | 11/06/2025 ás 14:37 Responder Comentários

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