Dois Silêncios que Falam de Amor

Na curva do tempo, papai partiu, num ônibus em marcha, o mundo se esvaneceu. Quarenta dias guardavam histórias mil, mas nenhuma chegou, só o silêncio aconteceu.

Mamãe em choque, olhar distante, Jangada acolheu sua dor calada. E a filha, com alma de amante, foi voz, foi força, foi estrada.

Com mãos trêmulas, resolveu o adeus, levou papai à terra de origem, em dor. Imaginando os causos, os planos seus, A câmera cheia, o coração contador.

O tempo seguiu, mas não cicatrizou — Quatro anos, nove meses... novo lamento. Mamãe se despediu e não avisou, no meio de um dia, num quieto momento.

A última chamada, cheia de fé: “Eu te amo, mamãe, fica forte, tá?” Mal sabia a filha que não haveria tempo, pra mais uma conversa — mamãe não sairia com vida de lá.

O coma foi rápido, a dor foi profunda, e a saudade se fez lar constante. Dois heróis agora na mesma segunda, e a filha, resistente, segue adiante.

Hoje ela sonha com campos dourados, reencontros em silêncio de luz e calor. Papai e mamãe, seus gestos guardados, dizendo: “Você está indo bem, meu amor.”

Com o coração calejado de dor, ela transforma lembrança em oração. Cada saudade vira flor, cada memória, proteção.

Livro: Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas.

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