Encontro Precioso
Diz uma lenda que, ao embarcarem da África para o Brasil, as mães negras, presas e acorrentadas nos porões dos navios negreiros, tinham o hábito de confeccionar minúsculas bonequinhas para seus filhos pequenos. Geralmente, cortavam tiras coloridas e marcantes de suas saias ou mangas, usando tecidos que pudessem ser reconhecidos futuramente.
Muitas dessas crianças eram separadas de suas mães nos portos, e a dor cotava-lhes o coração. Frequentemente, eram vendidas para famílias ricas e transportadas para a Europa para servir como serviçais. Com a esperança de um dia se reencontrarem, as mães escondiam as bonecas nos cabelos das crianças, implorando que as guardassem para o resto da vida. Caso o reencontro ocorresse, seria algo maravilhoso e inesquecível.
Houve relatos de que alguns desses encontros de fato aconteceram. Um deles chamou a atenção do mundo: Adanna, uma escrava quilombola, servia um fazendeiro rico no interior da Bahia, sendo uma serva dedicada e de grande confiança. O fazendeiro, já idoso e precisando de mão de obra, comprou três jovens negros fortes e belos, oriúndos de diferentes regiões da África: Kofi, Igbo e Akin, designados para cada setor da fazenda.
Adanna tomou profundo apreço por eles e, nutrindo a esperança de encontrar seu filho, passou a observá-los com um olhar materno, aquele que pressente e deseja que as coisas aconteçam. Foi assim que ela sentiu algo no olhar de Kofi: um olhar terno, cheio de saudade da mãe, sem saber como ou onde encontrá-la. Ele jamais poderia imaginar que sua mãe querida estava tão próxima!
Adanna teve uma ideia brilhante: pediu ao patrão permissão para limpar o aposento — ou melhor, o galpão — onde Kofi dormia e descansava quando possível. Algo tomou seu coração, que pulsava de esperança. Ela foi procurar a bonequinha e, para sua alegria e espanto, a encontrou escondida dentro de um pequeno aparato de couro, preservado com as cores verde e vermelha da barra de sua antiga saia!
Mas isso será compartilhado no próximo capítulo.
O Reencontro de Almas!
Edbento