Entre o quadro e o infinito

Poemas | 2025 - Valter Figueira e Convidados - Lições que viram versos | Manoel R. Leite
Publicado em 21 de Outubro de 2025 ás 11h 53min

O giz risca o tempo como quem escreve no vento

cada traço é um gesto de fé na permanência do saber

a lousa se torna espelho onde o pensamento amadurece

e o olhar do mestre reflete a paciência dos que constroem pontes

sala é um pequeno universo no qual o futuro ensaia o voo

carteiras guardam segredos de começos

vozes infantis se confundem com o som das horas

e o professor aprende que ensinar é também escutar o inaldível

cada pergunta lateja a centelha de um mundo novo

lição repetida, sempre um nascimento discreto

sabedoria se revela, mundo que o silêncio responde

e a palavra, quando bem dita, se torna abrigo

livros abrem janelas para dentro da alma

quem ensina colhe incertezas e planta horizontes

o conhecimento não é posse, é travessia

cada aluno é um espelho fragmentado de possibilidades

o mestre, um guardião de estrelas

que risca constelações no quadro de cada mente

há dias em que a aula é pura tempestade

outros em que basta um olhar para que tudo se ilumine

o aprendizado não cabe no caderno, transborda em gestos

entre o erro e o acerto há uma ponte feita de paciência

quem ensina também aprende a desaprender

e entende que o maior conteúdo é o humano

a escola é um abrigo do tempo e das memórias

se aprende a ler o mundo antes das palavras

como Prometeu, o professor entrega o fogo do saber

e mesmo exausto, sorri diante da chama que acendeu

porque sabe que cada vida tocada é eternidade escrita

e que a maior lição é permanecer luz

mesmo quando o quadro se apaga.

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