Amado, encontrei tua letra esquecida
Num bilhete sem importância guardado
E chorei como quem vê um retrato
De um tempo que insiste em viver
Teu jeito de escrever me tocou
Mais que qualquer palavra já dita
Era como se tua caligrafia
Tivesse alma e soubesse amar
Deixaste tuas marcas na caneta
E em mim deixaste marcas mais sutis
Hoje leio o que não foste capaz
De me dizer olhando nos meus olhos
E perdoo tuas omissões serenas
Porque até no silêncio foste abrigo
Escrever-te é ler o que não foi dito
E entender-te sem precisar resposta
Com leitura emocionada, Eulália. 11 de junho de 2025