Escrever Cartas era mais Intimo que dizer "eu te amo"

Poemas | Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas. | Silvia Dos Santos Alves
Publicado em 21 de Julho de 2025 ás 23h 53min

Quando as palavras viajavam em papéis dobrados, guardadas em envelopes com perfume e saudade, o "eu te amo" se escondia entre parágrafos lentos, tremia nos ganchos das vírgulas, espiava atrás de frases como "estou pensando em você".

Havia silêncio entre cada linha escrita, um cuidado quase sagrado em cada letra, o coração espremido no canto da margem, os erros corrigidos com traços tímidos, e às vezes, lágrimas manchando a tinta.

Era preciso tempo — tempo para sentir, tempo para esperar, tempo para acreditar que o amor poderia atravessar quilômetros sem se perder.

Escrever era um ato de entrega: um ritual feito de papel, alma e esperança. O correio virava cúmplice, o selo uma promessa selada com o peito.

Hoje, o “eu te amo” se digita num segundo, mas falta-lhe o peso das horas, o calor da caligrafia insegura, a pausa da emoção que hesita antes de ser dita.

E talvez, só talvez, a carta ainda seja o lugar onde o amor mora com mais verdade.

Livro: Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas.

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