“Estações de Dentro”
Poemas | Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas. | Silvia Dos Santos AlvesPublicado em 10 de Julho de 2025 ás 22h 15min
“Estações de Dentro”
No outono, ela aprendeu a deixar,
Folhas e medos caindo ao chão,
Como a árvore que, serena, aceita
A dança do vento e da solidão.
No inverno, calou-se por dentro,
Mas firme ficou, sem se dobrar.
Como tronco nu, de pele áspera,
Guardava em silêncio o despertar.
Na primavera, floresceu sem pressa,
Com gestos suaves e olhos em flor.
Galhos abertos à luz que aquece,
Na alma, brotava um novo ardor.
E no verão, ela era completa,
Copa cheia, risos à beira do rio.
Brincava com os frutos da vida,
Madura, mas leve como um desafio.
E assim segue, estação após estação,
Árvore e mulher na mesma canção.
Ambas enraizadas, buscando o céu,
Crescendo por dentro, de tronco e papel.
Livro: Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas.