“Estações de Dentro”

No outono, ela aprendeu a deixar, 

Folhas e medos caindo ao chão, 

Como a árvore que, serena, aceita 

A dança do vento e da solidão. 

 

No inverno, calou-se por dentro, 

Mas firme ficou, sem se dobrar. 

Como tronco nu, de pele áspera, 

Guardava em silêncio o despertar. 

 

Na primavera, floresceu sem pressa, 

Com gestos suaves e olhos em flor. 

Galhos abertos à luz que aquece, 

Na alma, brotava um novo ardor. 

 

E no verão, ela era completa, 

Copa cheia, risos à beira do rio. 

Brincava com os frutos da vida, 

Madura, mas leve como um desafio. 

 

E assim segue, estação após estação, 

Árvore e mulher na mesma canção. 

Ambas enraizadas, buscando o céu, 

Crescendo por dentro, de tronco e papel.

Livro: Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas.

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