Feijão e Arroz

Crônicas | Rose Correia
Publicado em 27 de Julho de 2025 ás 18h 54min

Feijão e Arroz

 

Feijão e Arroz eram inseparáveis. Se conheceram nas vielas e becos da cidade. Suas histórias de vida eram muito parecidas: haviam sido abandonados às margens de um pequeno riacho que cortava a cidade, onde faziam suas traquinagens e aventuras.

 

Feijão era quem arquitetava os planos. Arroz, por ser mais novo, obedecia fielmente. Viravam latas de lixo e saboreavam sobras. Corriam atrás dos motociclistas e bicicleteiros. Era só aventura mesmo. Eram dóceis, apesar de terem sido criados sem modos ou comandos.

 

Um dia, bem cedinho, resolveram andar para o outro lado da cidade. Era domingo, daqueles chuvosos, que a gente não quer sair da cama. Mesmo assim, Feijão convenceu Arroz a irem. Estavam com os pelos bem úmidos das gotículas da chuva que caía levemente.

 

Ao longe, Feijão avistou algo bem diferente do seu cotidiano. Era como se algumas nuvens tivessem descido do céu e estivessem repousando ali. Rapidamente, Feijão saltou e disse:

 

— Arroz, olha lá!

— Ah, Feijão... De novo? Desde a hora que saímos do nosso buraquinho quentinho, você está dizendo "Arroz, Arroz, olha, olha!", e eu não vejo nada além daquilo que temos visto todos os dias...

 

Feijão saltou mais uma vez e disse:

 

— É sério, olha lá! As nuvens desceram, Arroz. Devem ter cansado de ficar flutuando e decidiram descansar.

 

Arroz respondeu:

 

— Meu Feijão... quero dizer, meu Deus dos cachorros! O Feijão tá doidão! Será que tinha alguma coisa naquelas salsichas do café?

 

Feijão abanou o rabo do jeito que só Arroz conhecia. Então Arroz decidiu olhar:

 

— Nossa... nossa! As nuvens! Corre, Feijão!

 

Os dois começaram a correr, e a chuva a cair mais e mais. Entraram nas nuvens e estavam prestes a iniciar a brincadeira, quando de repente ouviram gritos:

 

— Saiam já daí! Deixem meus marrecos em paz, seus vira-latas!

Os dois se olharam e saíram correndo. Feijão disse:

 

— Eu jurava que eram nuvens...

 

— Ah, Feijão... não sei como ainda caio na sua conversa.

 

— Arroz, você acreditou tanto que correu primeiro que eu!

 

— Claro! Eu sempre quis correr por entre as nuvens...

 

— Então olha direito da próxima vez!

 

Feijão abanou o rabo, e os dois se foram, felizes por saírem ilesos. E seguiram pela cidade, em busca de novas aventuras.

 

Rose Correia

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