Na fotografia antiga o passado se presentifica, exumado sob quilos e quilos de bytes digitais. Um tempo analógico quase que antropologicamente fossilizado, principalmente pelo fato da imagem ser registrada em papel, prova tangente de que aquilo existiu, longe das IA’s, e dos retoques que tanto se distancia do real. Aquilo era um momento simples pessoas, paisagem e sonhos juvenis.

Acredito que toda fotografia carrega verdades, até dos pensamentos não revelados. Me torno mais humano e principalmente mais vivo, nada virtual. A pose para a foto me traz além de lembranças pensamentos daquele tempo. Um tempo que parou, que paramos fazendo unicamente poses, independente de quais fossem, uma presente e exclusivo agir. Estar onde sempre deveria estar. Nada de fazer algo com intenção de algo, de conversas intermediadas pelas redes sociais. Um ser total que respira e eterniza-se no tempo, espaço e relações.

Já parou para pensar o poder de uma fotografia analógica. Ela capta mais do que a luz que penetra o diafragma, traz a eternidade da alma, capturada pela luz de uma câmera e trazida ao mundo pela mágica do revelador e fixador. Num quarto escuro que como o feitiço do tempo se repete eternamente até que aquele ato se cumpra o seu dever, tornar as pessoas melhores de diversas maneiras. E, como o conselho de um ancião, a mesma imagem respondem a inúmeras perguntas, mostram caminhos a seguir. Seria tais fotos lembretes apenas do passado, ou ainda, comunicação de almas de um universo quântico no qual passado, presente e futuro caminham juntos em múltiplas direções.

Cada fotografica carrega consigo um universo. E, em todos os universos possíveis me conduzem a te encontrar, te conhecer e te amar.