Galhos secos no outono
Outono | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 04 de Novembro de 2025 ás 10h 17min
Ó galhos secos no outono,
Teus ramos nuas, sem fulgor,
Na brisa fria que traz sussurros,
Despertas em mim um antigo amor.
Teu lamento ecoa em folhas caídas,
Cores perdidas, um quadro de dor,
Melancolia que danza na vida,
Como a sombra que abraça a flor.
Murmúrios do vento, a voz de um tempo,
Que se esvai como fumaça no ar,
Contando histórias, tecendo lembranças,
De um sol que brilhou, que não quer voltar.
Que tristes os dias em que a luz se apaga,
Teus galhos, que um dia foram tão verdes,
Hoje se curvam sob o peso da mágoa,
Um poema esquecido, que o coração mede.
Nos ritmos sutilmente desesperados,
A luz se despede, como um pálido amigo,
E canta a saudade, em sussurros calados,
Nos ecos profundos do outono amigo.
Mas em tuas formas, há beleza estrangeira,
Uma arte silenciosa de um encanto cruel,
A vida, ainda que traga a bandeira
Da tristeza estampada sob um céu de pastel.
E assim eu miro os galhos despidos,
Que tocam o chão com sua crueza,
Mas em sua fragilidade, há segredos perdidos,
Um mundo oculto sob a tristeza.
Ó galhos secos, o que me ensinaste?
Que mesmo na dor, há um brilho a brilhar,
Um rastro de luz que nunca se haste,
No ciclo da vida que insiste em girar.
Trazem-me memórias de risos distantes,
De amores dançados sob plenas luas,
Neste outono que traz sentimentos constantes,
Na melancolia que por dentro flutua.
Por isso, galhos secos, guardiães da estação,
Cada falha e fissura, um símbolo a pintar,
Com um tom de nostalgia, e uma suave canção,
A alma se ergue, aprendendo a amar.
E assim sigo, no outono profundo,
Abraçando a tristeza como parte do ser,
Pois em cada galho, na aridez do mundo,
Encontro a essência do que é viver.