Galhos secos
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 08 de Novembro de 2025 ás 09h 26min
Os galhos secos ainda escondem sonhos verdes
dentro de sua casca rugosa,
como se cada fibra da madeira
guardasse segredos do tempo,
sequestrando a umidade dos dias quentes,
esperando a chuva que não vem,
o sol que não brilha.
Na calada da manhã,
as sombras dançam nas raízes,
um convite sutil
para que os perdidos voltem,
para que os esquecidos
encontrem abrigo sob seu olhar.
A textura dura e fria,
o silêncio que ecoa na brisa,
mas há um canto interno,
um sussurro de vida
murmurando entre os ocos,
pálidos e desbotados,
sonhos verdes ainda vivos,
esperanças crocantes como folhas secas.
Oh, como desejamos ouvir,
o chamado dos brotos novos,
que se escondem nas fendas,
aguardando apenas um lampejo,
um leve toque do destino,
um gesto do vento que passeia
por entre os galhos,
como um artista a moldar
a obra imortal da natureza.
Quando a primavera finalmente chega,
como um poema escrito em flores,
todos os galhos secos se curvam,
embrulham-se em folhas efervescentes,
enquanto o verde explode em risos,
e os sonhos guardados
transbordam em ilusões renovadas.
É ali que reside a beleza,
no contraste da perda e do renascimento,
na paciência da espera
que transforma a dor em poesia,
pois até os mais secos galhos
carregam dentro de si
o potencial de jardins exuberantes,
de frutos pesados,
de sombras acolhedoras.
E assim, ao caminhar por esse caminho,
onde nada parece brotar,
tenho fé que os sonhos,
mesmo os que parecem perdidos,
ainda filtram a luz,
convertendo a aridez em esperança
e prometendo novos começos,
novas histórias,
nas esquinas do cotidiano,
onde a vida se anima
nas coisas mais simples,
e os galhos secos se tornam,
por fim, lares de sonhos verdes.