Grito em Gaza
Não me peça calma.
Não há paz onde há sangue de criança.
Não há diálogo quando o céu despeja fogo,
E o mundo assiste, mudo, cúmplice, frio.
Cada bomba que cai é um insulto à vida.
Cada corpo soterrado é um grito que não foi ouvido.
E eu grito.
Grito por aqueles que não podem mais.
Onde estão os que juraram proteger?
Onde está a justiça que se esconde atrás de tratados?
Não há neutralidade diante do massacre.
Há escolha.
E há covardia.
Gaza não é só um nome.
É o berço de vozes que queriam crescer.
É o lar de mães que agora abraçam o vazio.
É o chão que treme, não de guerra,
Mas de abandono.
Minha fúria não é ódio.
É amor em estado de revolta.
É humanidade ferida,
É a recusa em aceitar o silêncio como resposta.
Que este poema seja pedra,
Se não puder ser ponte.
Que incomode, que arda, que denuncie.
Porque enquanto Gaza sangra,
A nossa alma também morre,
Um verso de cada vez.
Silvia Santos