Melancolia
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 07 de Novembro de 2025 ás 08h 59min
Ó melancolia, grito no espaço,
Teu eco ressoa nas sombras do ser,
Na vastidão silenciosa, deixas teu traço,
Um peso que nem o tempo pode esconder.
Nasceste nas gotas de orvalho da aurora,
Em lágrimas perdidas, em memórias de outrora,
Teu canto suave, um lamento sutil,
Pintando de cinza um céu anil.
Quando a noite se estende com sua cortina,
E as estrelas, tímidas, piscam sua luz,
Sussurras segredos que a mente ilumina,
Relíquias de sonhos que o coração seduz.
Ó melancolia, amiga do olhar,
Teu abraço é frio, mas traz um calor,
Nas páginas do tempo, aprendi a amar
A beleza do triste, a força da dor.
Teus braços envolvem, como brisas de outono,
Que dançam nas folhas, um balé sereno,
Furtivas, momentos, como um sonho a tonar,
Revelam verdades no canto terreno.
Se a vida é um livro, tu és a canção,
Fragments de histórias, de riso e lamento,
Cada tristeza carregada de emoção,
Em cada palavra, um mundo em movimento.
Na solitude do ser, aceito a tua voz,
Que canta nas horas de angústia e de paz,
Teu grito no espaço, um convite atroz,
Despertando pensamentos, onde o espírito jaz.
E assim, em ti encontro um eco profundo,
Das dores do mundo, te torno abrigo,
Ó melancolia, tu és meu profundo,
Um grito no espaço que nunca me briga.
Serás sempre parte do ser que sou,
No entrelaçar dos dias, um laço sutil,
Tu és a sombra onde a luz se pôs,
O reflexo da vida, tão claro e tão vil.
Voceja em mim, como um rio que flui,
Desaguando em mares de calma e de agonia,
Ó melancolia, tua força intui
As verdades escondidas na pura poesia.
E mesmo quanto o tempo avançar sem parar,
E as risadas ecoarem pelo ar,
Teu grito no espaço, sempre a pulsar,
Na dança das almas, nunca a cessar.