MEMÓRIAS CRIANCEIRAS QUE O TEMPO PRESERVA

Cordel | 2025 - AGOSTO - Ventos do tempo: Memórias e despedidas | Josivaldo Constantino dos Santos
Publicado em 23 de Junho de 2025 ás 10h 43min

MEMÓRIAS CRIANCEIRAS QUE O TEMPO PRESERVA

Me lembro que aos dez anos

Eu tinha uma namorada

E falava muito dela

Para toda a criançada

Para todos me exibia

Mas com ela, ninguém me via

Não mostrava a minha amada.

 

Na rua da minha casa

La vinha meu amorzão

Quando vi tanta beleza

Tremeu o meu coração

Bola, eu estava jogando

Ela foi se aproximando

E eu fui virando um pavão.

 

Ela parou para ver

Eu chutar bola no gol

Então, eu pensei comigo

Me mostrar agora eu vou

Fiquei todo pabulado

Chutei uma pedra ao lado

Que toda a unha arrancou.

 

E outra namoradinha

Na quarta série arrumei

A gente nem se encostava

Explicar isso, eu não sei

Peguei um dia em sua mão

Explodiu meu coração

Confesso que arrepiei.

 

Ela deve ter gostado

Pois me deu um sorrisão

E voltávamos da escola

Sempre pegados na mão  

Perto da casa eu soltava

Se o seu pai nos pegava  

Eu levava um safanão.

 

Os irmãos dela souberam

E vieram me bater

Na saída da escola

Me botaram pra correr

Nunca mais a namorei

Com ela não me encontrei

Fiquei triste pra valer.

 

E já com dezesseis anos

Repleto de vaidade

Conheci uma menina

Por nome Felicidade

Quando na missa eu tocava

Ela pra mim sempre olhava

Com seu olhar de beldade.

 

Um domingo, antes da missa  

Eu arrumava o altar

Sozinho na sacristia

Percebi alguém chegar

Era a Felicidade

Com um olhar de maldade

De mim se aproximar.

 

Quando vi aquela musa

Meu corpo paralisou

As minhas pernas tremeram

A boca logo secou

Veio sorrindo a danada

E então sem dizer nada

A minha boca beijou.

 

Aqueles cabelos negros

Um corpinho sensual

Seu rosto, uma candura

Eu, um menino sem sal

Mas depois daquele beijo

Aflorou o meu desejo

Cheguei até passar mal.

 

Eu era seminarista

Pois padre queria ser

Mas com aquele episódio

Queria sempre lhe ver

Mas, ela se arrependeu

Do beijo que ela me deu

Com o padre foi se entender.

 

Contou tudo para o padre

O beijo na sacristia

E assumiu toda a culpa

Por aquela estripulia

E eu que estava gostando

Fiquei o dedo chupando

Pois nunca mais a veria.

 

Isso, são ventos do tempo

Que nunca mais voltarão

Memórias que estão vivas

Não saem do coração

Não são para esquecer

São para nos reviver

E nos dar satisfação.

 

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