Milagre do Amor
Contos | Metade Dita, Metade Sentina : Contos. crônicas, cartas, poemas e confissões que talvez fossem suas. | Silvia Dos Santos AlvesPublicado em 13 de Maio de 2025 ás 15h 12min
Eu caminhava entre os escombros das decepções, o coração pesado, carregando feridas que o tempo parecia incapaz de curar. A cada passo, o silêncio sussurrava lembranças do que foi, do que se perdeu. Fechei portas, ergui muros, tornei-me refém da dor, acreditando que o amor havia partido para sempre—um sonho distante, desfeito pelo peso da realidade.
Os dias eram longos, e as noites, frias. A esperança parecia um fio tênue, prestes a romper. Mas Deus, em Sua graça inexplicável, trouxe o impossível. O amor não veio como um vento apressado, devastador. Veio como águas mansas, deslizando pela terra árida do meu ser, lavando as cicatrizes, preenchendo os espaços vazios com uma paz silenciosa e inexplicável.
A princípio, era sutil—um olhar, uma palavra, um gesto. Pequenos sinais que, como raios tímidos do sol após a tempestade, anunciavam que algo novo se erguia dentro de mim. O amor que eu julgava perdido não era um fantasma do passado, mas uma promessa do presente. Ele se revelava sem pressa, sem máscaras, sem ilusões. Era real, profundo, sincero—um bálsamo para a alma cansada.
E hoje, ao abrir os olhos para cada novo dia, vejo o toque divino na paz que me envolve. As feridas do passado, antes sombras persistentes, se tornaram luz—um aprendizado que agora brilha dentro de mim, iluminando o caminho. O coração, antes prisioneiro das dores antigas, agora canta, livre, leve, cheio de gratidão.
Livro: FRAGMENTOS DO PASSADO