Muralhas se desfazem quando a alma decide partir

portas se abrem no instante em que o medo consente

passo dado no incerto revela o mapa oculto da coragem

silêncio anuncia a travessia antes que a voz se invente

raízes antigas soltam-se do chão como pássaros lentos

memórias antigas choram, mas abençoam o recomeço

cada perda ensina o corpo a reinventar equilíbrio

no espelho da aurora, rosto novo emerge do mesmo ser

caminho se constrói na poeira dos próprios sonhos

vento murmura conselhos que o coração entende

nada é distante quando o desejo insiste

vida se amplia naquilo que o olhar alcança e prossegue

entre pedras dorme o germe da persistência

mão cansada segura o tempo e o transforma em flor

planos se curvam à força de um propósito inteiro

esperança acende lâmpadas dentro da sombra que duvida

voz interior chama e o destino responde

o chão se renova no rastro de quem ousa caminhar

velhos limites pedem passagem e se rendem ao novo

o horizonte respira e o espírito se expande

no alto da fé, asas aprendem o gesto do vento

conquistar não é possuir, é pertencer ao movimento

cada espaço aberto traz um novo começo

no fundo do medo habita o portal da confiança

a vida sorri quando alguém escolhe seguir

tempo concede aos corajosos o dom de semear

sulco aberto em lágrima vira estrada de luz

mundo se refaz onde o amor constrói morada

nada se perde quando há vontade que insista

coração, em seu impulso, conquista o infinito.