Não perturbes o pássaro
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 13 de Dezembro de 2025 ás 12h 59min
Não perturbes o pássaro,
silhueta contra a escuridão,
asas cortando o ar gelado,
um vulto na vastidão da noite.
Deixa-o seguir,
voando de olhos fechados,
guiado por um mapa interno,
um compasso de dor e saudade.
Não o assustes com a tua luz,
com o teu ruído, com a tua pressa.
Ele carrega um fardo pesado,
uma carga de pranto antigo.
Lágrimas ferradas em seus olhos,
gotas de metal fundido,
marcas de um sofrimento sem fim,
herança de tempos esquecidos.
Ele busca um rio distante,
no confim do mundo conhecido,
onde a água acolhe a tristeza,
e a correnteza lava as feridas.
Deixa-o voar, em paz,
na solidão fria da noite,
mensageiro de um lamento profundo,
guardião de segredos ancestrais.
Não perturbes o pássaro,
até que suas lágrimas encontrem o rio,
e a noite silencie o seu pranto,
em um mar de esquecimento.