O anjo
Poemas | Rosilene Rodrigues Neves de MenesesPublicado em 22 de Dezembro de 2025 ás 09h 03min
O anjo era uma miragem no meu destino
Uma cintilação ao longe,
no deserto árido dos meus dias.
A promessa de água fresca,
de sombra sob o sol inclemente,
um sussurro de esperança
levado pelo vento quente.
Eu corria,
através da areia movediça da dúvida,
com os pés sangrando
e a garganta seca de anseio.
Cada passo, uma oração silenciosa,
um grito mudo para o céu vazio.
Acreditava, cego pela fé,
na beleza irreal daquela visão.
Mas quanto mais perto chegava,
mais a miragem se desfazia.
As asas de pena transformavam-se em pó,
a auréola brilhante em nada.
Restava apenas o horizonte implacável,
o sol causticante e a solidão.
A verdade amarga,
o engano cruel do meu desejo.
Agora, aprendi a caminhar sem anjos,
a encontrar água nas rochas,
a fazer sombra com minhas próprias mãos.
A miragem se foi,
mas a sede me ensinou a viver.