O Ano Não Se Renova Sozinho
Poemas | Isolti CossetinPublicado em 27 de Dezembro de 2025 ás 18h 31min
O Ano Não Se Renova Sozinho
Chegamos ao fim de mais um ano
como quem chega a uma fronteira invisível
e acredita, mais uma vez,
que basta atravessá-la
para tudo mudar.
Já vivemos um quarto do segundo milênio
e seguimos repetindo o mesmo ritual:
abraços, promessas, desejos embalados
na esperança de que o calendário
faça por nós o que evitamos fazer em nós.
Chamamos de novo
um ano que apenas começa.
Mas nós…
continuamos antigos
nas atitudes,
nos silêncios,
nas feridas não curadas,
nos erros que insistimos em justificar.
Entra ano, sai ano,
e seguimos os mesmos:
os mesmos medos,
as mesmas palavras duras,
a mesma pressa em julgar,
a mesma lentidão em amar.
Talvez o ano nunca tenha sido o problema.
Talvez ele sempre tenha sido apenas o espelho
daquilo que somos
e do que escolhemos não mudar.
O ano só será novo
quando nos tornarmos novas criaturas:
quando desaprendermos a indiferença,
quando ousarmos o perdão,
quando formos menos promessa
e mais gesto.
O tempo não se renova por decreto.
Ele floresce quando há coragem,
quando há consciência,
quando há humanidade.
Que o próximo ano venha
não como mágica,
mas como consequência.
E que sejamos nós
a verdadeira novidade
que o mundo espera.