Os Povos Não Fazem Guerras

Os povos não fazem guerras,
fazem pão, fazem festa, fazem filhos.
Plantam esperança nos campos,
tecem sonhos entre os trilhos
de um futuro que desejam limpo,
longe do ódio e dos seus empecilhos.
Não são os povos que escolhem o aço,
nem os tanques, nem o estopim.
Eles querem teto, querem abraço,
querem paz que floresça no jardim.
Mas vêm os senhores do mundo, frios,
e fazem da vida um triste fim.
Erguem bandeiras manchadas de orgulho,
em salões onde o povo não entra.
Decidem destinos entre taças,
traçam mapas enquanto a dor se concentra
nos olhos de quem não empunha armas,
mas sente a guerra em sua alma destroçada.
Os povos são o holocausto, o sacrifício,
são a carne lançada ao abate.
Enquanto os chefes discursam justiça,
a morte marcha em sua própria frota.
E quem sofre não é quem declara guerra,
mas quem nela perde tudo e não volta.
Os povos não fazem guerras.
Eles rezam, resistem, renascem.
São as crianças que ainda acreditam,
são os velhos que lembram e choram.
São os pés descalços nas estradas,
e os braços que, mesmo feridos, abraçam.
Que cesse, então, o poder dos impérios,
e que os tronos se tornem chão.
Pois não há glória em governar com sangue,
nem vitória que valha a opressão.
Os povos querem apenas viver
sem medo, sem guerra, 
com paz no coração.