Os Seios Dela.

Me chamo Antônio Abrantes, sou baiano, mas o que vou contar aconteceu em outro chão, lá

eles dizem que é de pedra sabão, confesso, que até antes de chegar no local, tive pesadelos,

escorregando pela rua de sabão, pois não era rapaz daquele lugar, era moleque como

passaram a me chamar o povo daquela terra, a ilha do amor, do reggae, da poesia. Uma coisa eu sei que sentia calor e

aflição, não sabia o que me esperava, o pouco de informação que me foi passada por minha

mãe era que ela estava muito doente, uma gripe forte, que já tinha acertado tudo com meu tio

Chico, que quase nunca vinha nos visitar, mas deixei pra lá e obedeci!

Enfim, chegou o grande dia, mal cheguei, descansei um pouco e fui logo embora trabalhar com

meu tio Chico no Mercado do Peixe.

Engraçado era que apesar do calor que fazia naqueles dias, minha tia, era bem diferente das outras outras

mulheres, usavam saias rodadas, blusinha de alcinha e vestidos de renda bem confortáveis, mas, nada que fosse inadequado. 

Porém, as madames, estavam

vestidas até o pescoço, o que era de se estranhar, quem compra peixe com casaco?

O calor era de quase 40 graus, e olha que eu estava acostumado com o calor e com frio, mas aqui é diferente da minha cidade, nessa ilha, só faz calor! 

“Bem, faltando ao fato, nem sei se houve, certo ou errado, mas como estava muito molecote naquela época, o que eu realmente sei, é que eu consegui entender só bem, mais tarde, que tinha, o que era que diacho que eu tinha toda vez que via a minha tia, esposa do meu tio, irmão de minha mãe, deitada na rede com aquele tipo de vestido

mostrando os seios carnudos como mangas maduras…

Mas, era estranho, ao mesmo tempo que me dava um desejo tamanho como bebê que queria pegá-los, talvez por sentir falta da minha própria mãe, tinha também o desejo de homem toda vez que sentia meu corpo molhado durante os sonhos da madrugada, minha mente só via seios eu só tinha visto o da minha mãe e o da minha tia de relance, seria coisa da minha mente?

“-Imaginem-se no meu lugar e como ficou a minha cabeça?”

Sem falar que naquela época, 1878, havia muita falatório na cidade se a mulher fosse um pouco mais ousada no modo de se trajar, de se comportar e como ela mesma era bem a frente do seu tempo ela nem se importava e nem fazia ideia do que diziam dela, dos meus

sentimentos confusos. Afinal era molecote saído irado com o Criador por ter minha mãe levado. Revejo a ira do meu tio, que por ser machista cometeu a banalidade de ouvir as carolas ao invés de sua Senhora, que não era muito apreciada naquele lugar.

Muito menos da tragédia que viria a se sucedeu, de nada ela soube antes, para tentar talvez se defender , ou colocar em sua lápide o motivo.

Em vez disso colocou-se:

- “Morreu em completa ignorância a adorável senhora que só queria ser mulher, ter liberdade de voz e vez em um tempo em que isso não era permitido, se mostrou demais? 

- Creio que não!”

O povo que era atrasado e foi logo falando e pré-julgando, levantando falso e levando ao funesto fato que vos relato.

Agora eu sei que não fui o culpado!

O que eu tinha, descobri que não era a minha tia, eram os hormônios, estava mudando de fase, mas aí já era tarde.

Comentários

Este conto revela tanto a realidade machista que ainda existe, quanto a chegada da idade dos hormônios aflorarem! Muito bem narrado!

Lorde Égamo | 16/05/2025 ás 16:25 Responder Comentários

Percebeu as entrelinhas, tinha escrito errado, coisa do corretor ortográfico do celular.

Keila Rackel Tavares | 29/05/2025 ás 23:46

Obrigada, por perceber as entrevistas do conto, caro poeta, Lord Égamo.

Keila Rackel Tavares | 28/05/2025 ás 15:22 Responder Comentários

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