A constituição humana envolve muita coisa. Genética, nutriente, cultura, hábitos tudo serve de base. Sei que tudo isso importa, sei que não controle quase nada disso. Sofri muito na vida, por coisas que nem faço ideia. Contudo, me tornei melhor do que já fui. Na busca da realização, todos procuram experiências ou ainda são encontradas por elas. Quando criança, tudo era brincadeira, imaginar, sonhar e se alegrar, momentos infindáveis na busca de viver. Na juventude as relações moldaram meu caráter, inspiraram e ao mesmo tempo me decepcioram a minha forma de relacionar. Casei construir família e aprendi a me dividir, a ser para os outros mais do que para mim mesma.

Mas quando tudo mais parecia não fazer sentido. Quando a vida me jogou no turbilhão de sofrimento. Nada disso me curou, nada disso me acalentou. Naquele instante em que a alma parece quebrada, a energia se vai, te consome. E, some com toas as brincadeiras e sonhos. Todas relações machucam, a falta de confiança predomina, e, nada te move, te alegra te encanta. Todo refúgio se vai para a família. Mas a família não é mais refúgio seguro. Ela se afasta, grita, aponta dedo e julga, com o peso do julgar que condena, mutila e atormenta. Vivi tudo isso! E, nada me consolou, nada me preparou.

Porém sempre se pode contar com o perfume das flores, ele aquece o coração e a alma. São verdadeiramente  sinceros, são simples ao eternizarem a sua essência quando almas são tocadas. Não se traduz o sofrimento do mundo, mas sim se conecta almas com gestos e palavras, com bondade e poesia. Esses e muitos versos me libertou, me ensinou, me fez acreditar nas pessoas. Conviver com as pessoas. E, acima de tudo a acreditar e conviver melhor com todos, inclusive eu mesma.

Não me tornei uma uma melhor pelo que sofri. Isso só causou dor. Me tronei melhor pelos versos que li. Por sentir as palavras tocando minha alma. Versos constrói pessoas, produzem seres humanos melhores, aliviam alma. Demonstram que o fogo das palavras aquecem o corpo, restauram e criam sonhos. Versificam a vida de maneira indescritiva. Descrevendo o seu código no nosso DNA, de uma forma tão intensa, tão significativa que hoje entendo que sobrevivi e me libertei graças aos versos que li.