Quando o Elo se Vai
Poemas | Silvia Dos Santos AlvesPublicado em 17 de Setembro de 2025 ás 20h 08min
Quando o Elo se Vai
Era domingo, e o mundo cabia na mesa.
Risos cruzavam o arroz,
abraços se misturavam ao cheiro do café,
e os olhos dos meus pais
costuravam cada presença com amor.
Hoje, o silêncio senta primeiro.
A mesa continua lá,
mas os lugares parecem mais distantes.
Cada um no seu canto,
como se o tempo tivesse desfeito o laço.
Desde que eles partiram,
a casa perdeu o som da raiz.
Não é só a ausência deles,
é o que se quebrou entre nós.
O Dia das Mães virou lembrança,
o Natal, uma saudade com luzes.
O Ano Novo chega,
mas não renova o que se foi.
Sinto falta do que éramos.
Da família que se encontrava sem esforço,
do amor que não precisava convite,
dos almoços que curavam qualquer dor.
Hoje, sou quem guarda o retrato inteiro.
Quem ainda espera por um reencontro,
mesmo que seja só por um instante,
mesmo que seja só no coração.
Porque o amor que eles deixaram
ainda mora em mim.
E mesmo que tudo mude,
eu continuo sendo
parte do que fomos.
Silvia Santos