Eu me considero uma pessoa gentil: sempre procuro fazer o bem sem olhar a quem; procuro ouvir, aconselhar, sorrir, conversar... Ultimamente tenho presenciado episódios de indiferença, frieza, egoísmo, os quais me levaram a pensar e a escrever esta crônica. Boa leitura! Boa reflexão!!

"Ser gentil não machuca"

Vivemos tempos estranhos, bem estranhos!!. Basta observar o tom das conversas, os olhares fugidios nas ruas, o silêncio áspero entre vizinhos, colegas, até entre parentes. Parece que estamos todos nos armando — não com espadas, mas com indiferença. Uma indiferença fria, quase orgulhosa. Como se sentir pouco, oferecer pouco, importar-se pouco fosse prova de força.

Mas não é. É sintoma de cansaço, de dor não tratada, de decepções acumuladas e também de uma escolha: a de endurecer ao invés de amadurecer.

A gentileza simples, despretensiosa, tem sido vista com desconfiança. Muitos confundem ser gentil com ser tolo, ser atencioso com ser fraco, oferecer o ombro com perder tempo. É um erro. Um grave erro. Gentileza não é submissão, é consciência. Ser gentil não nos diminui; nos humaniza. E, mais do que isso, nos salva.

Estamos adoecendo socialmente. A pressa, o egoísmo travestido de “autocuidado”, a cultura do “cada um por si” estão nos tornando duros, ríspidos, intolerantes. E, contraditoriamente, mais frágeis. Porque quem não exercita empatia, pouco suporta a própria solidão.

É preciso coragem para ser gentil num mundo que grita para que sejamos duros. Gentileza exige presença, atenção, disposição para enxergar o outro, mesmo quando o outro não tem nada a oferecer em troca. Mas esse é justamente o ponto: gentileza não espera retorno, ela é valor em si.

Ser gentil não machuca, não cobra, não humilha, não manipula...

Ser gentil é, antes de tudo, um ato de resistência.

Que possamos reaprender a perguntar “como você está?” com verdade. A ouvir com os olhos. A ceder o lugar. A dar bom dia — mesmo sem resposta. Pequenos gestos que não custam quase nada, mas dizem tudo.

Se o mundo está amargo, que sejamos nós um pouco de doçura.

Não por ingenuidade, mas por escolha.

Porque ainda é possível e necessário ser luz, mesmo em tempos repletos de indiferença!!

Pense nisso!!!