SOB A CHUVA

Poemas | Isolti Cossetin
Publicado em 16 de Novembro de 2025 ás 19h 34min

SOB A CHUVA

Ela caminhava pela estrada antiga,

onde o chão rachado guardava silêncios.

O céu era cinza, e dentro dela trazia

um deserto de lembranças e cansaço.

Então choveu.

Primeiro, leve…

como um sussurro vindo do alto,

um toque de Deus sobre o rosto.

As primeiras gotas despertaram a terra,

e algo nela também despertou.

O vento trouxe o perfume do mato,

e, pela primeira vez em muito tempo,

ela respirou fundo

como quem volta à vida.

A chuva engrossou,

lavando as ruas, as mágoas,

as palavras não ditas.

E ela entendeu:

às vezes, Deus fala assim,

sem voz, sem pressa,

apenas deixando cair

o que purifica e faz crescer.

Quando o sol voltou,

o mundo era o mesmo,

mas os olhos dela, não.

Havia neles um brilho novo,

feito de fé,

feito de esperança,

feito de chuva e renascimento.

O sol trouxe o som dos passarinhos,

como um coro de boas-vindas ao recomeço.

Ela caminhava devagar,

a roupa ainda úmida,

o coração leve.

As poças refletiam o céu,

e ela se viu ali,

não como antes,

mas como quem aprendeu

que a vida floresce mesmo após as tempestades.

No caminho, encontrou rostos cansados,

olhos que haviam esquecido de sonhar.

E ela sorriu.

Um sorriso simples,

mas cheio de luz.

Contou o que sentira sob a chuva:

o toque de Deus,

o perfume da terra,

a certeza de que nenhuma dor

é definitiva.

As pessoas a ouviram,

e algo nelas também se acalmou.

Porque a esperança é assim,

pequena como uma gota,

mas capaz de gerar um rio.

E desde aquele dia,

sempre que o céu escurece

e as nuvens se juntam no horizonte,

ela não teme.

Fecha os olhos,

ergue o rosto,

e deixa chover —

sabendo que toda chuva

é promessa de novo florescer!

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