Somos Feitos de Águas Antigas
Prosa Poética | Carlos OnkowePublicado em 08 de Novembro de 2025 ás 13h 32min
O ser é feito de água antiga.
Traz nas veias a memória do oceano, o sal das lágrimas esquecidas, o rumor das marés que um dia chamaram seu nome.
Entre o nascer e o pôr, há um instante em que o corpo se dissolve e o espírito se refaz.
É o instante em que o sol se torna espelho e o rosto, reflexo.
A mão que se ergue não busca o sol para possuí-lo, mas para senti-lo.
Porque o toque é o primeiro idioma da alma, e toda consciência nasce do desejo de sentir o real.
O corpo, moldado de sombras e de luz, é a escultura do invisível.
Nele repousam os mapas do inconsciente e as rotas de volta à origem.
Emergir é verbo de coragem.
É levantar-se do fundo escuro do não dito, do não curado, do que ainda dói.
É reconhecer que o mesmo mar que ameaça afogar é o mesmo que acolhe o renascimento.
A cada mergulho, algo morre. A cada subida, algo desperta.
A Arqueologia do Existir é o retorno à superfície depois de séculos de silêncio.
É o rosto que se refaz em água e o corpo que reencontra a luz.
É a lembrança de que viemos do abismo, mas pertencemos ao sol.
E que entre ambos (luz e abismo) se ergue o ser humano, esse milagre líquido que pensa.
Carlos Onkowe, in: @arqueologiadoexistir
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