Caminhando pelas ruas da cidade,
Deparei me com uma mansão,
Com ampla área de lazer, lindo casarão!
As paredes feita com pedras de vulcão.
Foi murada com requintes, com cerca eletrizada.
O jardim de frente com pedras lascada.
O gramado por entre duas entradas e saídas,
Não tinha visto um fato mais interessante.
Lindas paineiras de frente para avenida,
As pétalas caindo, pintava de cor rosa a grama verdejante.
Um carro de boi com duas cangas e um cambão,
Exposto a frente do lindo casarão.
Fiquei admirado ao ver um velho ali sentado,
De olhos fitados para aquele carretão.
Cachimbando e meditando o tempo passado.
Perguntei ao velho porque aquele carro de boi estava ali.
Ele então me disse: -já fui carreiro nos tempos primeiros,
Lá no meu sertão donde eu nasci, bem longe daqui.
Fui guerreiro grande carreiro, minha espada era uma guiada.
Com este carro e minha boiada, caminhei nas estradas.
Fui desbravador pioneiro, neste solo Brasileiro.
Já fui carreiro afamado de muitos fazendeiros.
Estou aqui sentado sentindo grandes, saudades.
Na minha mocidade morei no sertão,
hoje vivo aqui na cidade.
Meus braços que eram fortes como aço,
As minhas pernas de bons compassos.
Não faço mais o que fazia antes, sinto me um bagaço.
Não tenho mais destreza, com o peso da idade,
Para andar tenho muita dificuldade.
Ao ver meu carro nesse canto esquecido, fico aborrecido.
Mudei do sertão para cidade, contrai a infelicidade.
Tenho saudade de caminhar na estrada.
Relembrando do carro de boi e da minha boiada.
Naquele estradão quando meu carro cantava,
Com seu canto dolente nas tardes mais quentes,
Eu me comovia, e de tanta alegria, eu chorava.
Por esta razão eu trouxe este carro lá do sertão.
Aqui no jardim, ele fica perto de mim, na minha mansão.